segunda-feira, 29 de março de 2010

escrevendo....

E então pensou que havia de passar. Tudo passa.
Foi quando percebeu que ao fundo, no som, tocava aquela música com melodia lenta e a letra extremamente profunda e melancólica.
Sempre gostou muito de coisas tristes. Não porque gostasse de sofrer, mas porque acreditava que era na tristeza que a sensibilidade e a inspiração se afloravam.
Sentou-se no sofá e pegou seu caderno rasurado. De tanto manuseá-lo as folhas estavam com as pontas amassadas, e algumas se encontravam dobradas em meio às páginas. Quem sabe escrevendo, ela conseguiria expor todo aquele sentimento que a angustiava.
Um minuto...cinco minutos...dez minutos...meia hora...
Não conseguia escrever nem sequer um rabisco.
Talvez ela não fosse assim tão sensível...ou talvez a dor que a trazia inspirações, já começava a se acomodar!
E ela sorriu, abriu um chocolate que havia ganhado e pensou: que seja doce! Letícia.

segunda-feira, 22 de março de 2010

solidão!

Sem pensar duas vezes, subiu no parapeito da janela e admirou a cidade lá fora. Sempre quis tanto fazer parte desse mundo, mas nunca se sentiu igual às outras pessoas.
Uma vez quando pequena, um amigo, desses que a gente deposita toda admiração, disse-lhe com a cara zangada: você não pertence a esse lugar!
E então ela tomou isso para si.
É difícil compreender os outros, quando não se compreende nem a si mesmo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ela tinha o péssimo hábito de esperar que as coisas saíssem sempre da maneira como ela gostaria. Mas elas quase nunca são.
Pela centésima vez ela esperou, e pela centésima vez se decepcionou.
E então, a alegria que a consumia todos os dias deu uma trégua. Sobrou espaço para aquele sentimento estranho, que carrega consigo uma vontade absurda de entregar-se ao choro.
Mas isso ela não permitiria. Não derramaria uma lágrima sequer.
Vestiu seu casaco de lã preferido e entregou-se ao violão, porque se acaso uma lágrima insistente teimasse em cair, seria pela melodia encantadora da música, jamais por fraqueza! Letícia.

segunda-feira, 15 de março de 2010

reticências...

Porque é que as frases mais bonitas precisam ter um ponto final?
Aquelas frases regadas a musica, que tocam mesmo que de mansinho, ou as frases mais livres e desempedidas.
Tem dias que elas aparecem mais rigorosas, e as vezes vêm cheias de perguntas, e com elas as respostas.
Respostas que me trazem novas frases. Estas vêm cheias de douçura, adjetivos e exclamações, e derrepente, elas já não são mais 'minhas', são 'nossas'.
Mas parece que elas sempre pedem um ponto final. Coloco. Logo me arrependo e acrescento mais dois (...), porque assim não preciso mudar a essência, mas posso mudar o final.